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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

PRAGAS E DOENÇAS

Ervas daninhas



A interferência das plantas daninhas reduz a produtividade e qualidade dos frutos. Portanto, é necessário controlar as plantas daninhas, pelo menos durante o período crítico (cerca de dois terços do ciclo da cultura), ou seja, até que a cultura cubra suficientemente a superfície do solo, e não sofra mais interferência negativa delas. A necessidade de controle depende do grau de infestação e agressividade das plantas daninhas.
As plantas daninhas interferem diretamente no desenvolvimento da pimenta, competindo por água, nutrientes, luz e liberando substâncias aleloquímicas, que afetam a germinação e o crescimento da pimenteira. O grau de competição que uma planta sofre depende da cultura (espécie, variedade/cultivar, densidade e espaçamento de plantio) e da população de plantas daninhas (espécie, densidade, distribuição e duração do período de competição). Esses fatores podem ser modificados pelas condições edáficas (tipo, textura, fertilidade e umidade do solo), climáticas e práticas culturais (rotação e consórcio de cultivos).
O espaçamento e a densidade de plantio são fatores importantes no balanço competitivo, pois influenciam a precocidade e a intensidade do sombreamento promovido pela cultura. Plantios mais densos dificultam o desenvolvimento das plantas daninhas, as quais têm que competir mais intensamente com a cultura na utilização dos fatores de produção.
Após o PCI até o final do ciclo (Figura 1, fases G-I), as plantas daninhas não interferem significativamente na produtividade, mas podem amadurecer e aumentar o banco de sementes no solo, bem como servir de hospedeiros de insetos-pragas, fitopatógenos e nematóides, além de dificultar e onerar a colheita. Com a introdução da mosca-branca, que utiliza as plantas daninhas como hospedeiros, fonte de alimento e reprodução, a incidência de viroses na cultura tem crescido muito, reforçando a necessidade de adotar programas de manejo integrado de plantas daninhas.
As técnicas de manejo integrado de plantas daninhas são prevenção, erradicação e controle.
A prevenção consiste em se evitar a introdução e/ou disseminação de sementes ou qualquer propágulo vegetativo de plantas daninhas em áreas não infestadas (Figura 1, fases C-I). As medidas de prevenção e controle devem ser eficientes de forma a prevenir o aumento do banco de sementes ou propágulos vegetativos no solo, evitando que plantas daninhas cresçam e amadureçam suas sementes em áreas limítrofes, além de hospedarem insetos-praga e patógenos, são fontes para outras infestações dentro ou fora das áreas cultivadas. As plantas daninhas podem ser distribuídas pelo vento, água, máquinas e implementos, matéria orgânica, animais e por meio do plantio de mudas com torrão e lotes de sementes de hortaliças que contenham misturas de sementes de plantas daninhas. Fundamentalmente, a introdução e a disseminação das plantas daninhas nas áreas agrícolas são evitadas quando os mecanismos de disseminação delas são rigorosamente observados.
Erradicação é a eliminação de todas as estruturas de propagação de uma planta daninha de determinada área. Ela é, normalmente, usada em áreas pequenas e recentemente infestadas. Inspeções dos campos devem ser realizadas regularmente (Figura 1, fases C-I) para identificar focos iniciais e adotar medidas de controle dirigido de forma a erradicá-las. Muitas vezes a remoção mecânica é recomendada para eliminar plantas daninhas tolerantes ou resistentes a determinados herbicidas. O produtor deve ficar atento ao aparecimento de espécies novas (como por exemplo: a parasita Cuscuta spp.), devendo eliminá-las antes que produzam e disseminem suas sementes.
Controle é a supressão das plantas daninhas até um limiar de dano econômico, ou seja, até atingir um nível de controle onde a planta daninha remanescente não interfira significativamente na produtividade biológica da cultura (Figura 1, fases C-F). Esta é a prática de manejo mais comumente usada quando a planta daninha já está estabelecida. O controle e pode ser feito por meio de métodos culturais, mecânicos, químico (manejo direto, dirigido não seletivo) ou de forma integrada (Figura 1). A eficiência do controle dependerá do grau de infestação e agressividade das espécies de plantas daninhas, época do controle, estágio de desenvolvimento das plantas, condições climáticas, tipo de solo, disponibilidade de herbicidas, de mão-de-obra e de equipamentos e conhecimento da interação entre as plantas de pimenta e das plantas daninhas.
Preferencialmente, deve-se lançar mão dos métodos culturais e mecânicos, tais como: rotação de culturas, o uso de espaçamento e densidade adequados, coberturas orgânica e/ou inorgânicas do solo, solarização, cultivos e capinas.
O controle químico seletivo não é recomendado para a cultura de pimenta, em razão da falta de registro de herbicidas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento[1].
O preparo do solo e a irrigação estimulam a germinação e desenvolvimento das plantas daninhas (Figura 1, fases C-E). Recomenda-se fazer o preparo do solo duas a três semanas antes do transplantio para permitir a germinação, crescimento e o controle pós-emergente das plantas daninhas (4 a 6 folhas definitivas) na área, por meio da aplicação de herbicidas de manejo não seletivos de ação de contato, como diquate e paraquate, ou sistêmica, como glifosato, realizada antes do transplantio das mudas de pimenta. O preparo do solo deve ser bem feito, livre de torrões e de resíduos dos restos culturais (Figura 1, fase C) facilitando, desse modo, o controle das plantas daninhas, proporcionando o estabelecimento e o crescimento vigoroso das mudas de pimenta.
O cultivo mecânico para controlar as plantas daninhas pode ser usado sozinho ou juntamente com os herbicidas de manejo e não seletivos. O cultivo é mais eficiente quando as plantas daninhas estão ainda pequenas, com 4 a 8 folhas definitivas. Nesse estádio as plantas daninhas podem ser removidas facilmente sem causar dano à cultura (Figura 1, fases E-F). A eficiência do controle mecânico sobre as plantas daninhas perenes é baixa, podendo aumentar o problema se os propágulos vegetativos forem removidos para locais não infestados.
O produtor de pimenta procura, sempre que possível, cultivar áreas sob rotação de culturas, evitando aquelas previamente utilizadas com solanáceas. A rotação adequada de culturas é importante para o manejo de plantas daninhas, pois as práticas culturais provocam mudanças na população de plantas, havendo a cada ano uma nova relação de interferência entre as diferentes espécies. Numa comunidade mista de plantas existe sempre um balanço competitivo entre as espécies, predominando as mais agressivas e adaptadas ao sistema de cultivos sucessivos ou de rotação.
Em virtude de não existir um método de controle que, aplicado isoladamente, proporcione resultados satisfatórios, capaz de prevenir o crescimento e a reprodução de todas as plantas daninhas, reduções substanciais nos níveis de infestação só poderão ser alcançadas com a integração das técnicas de manejo, entre as quais são empregados diferentes métodos de controle. Portanto, deve ser utilizado o manejo anual planejado, persistente e que empregue, fundamentalmente, diversas medidas integradas de controle e erradicação associadas a preventivas (Figura 1). Inclui ações que antecedem as primeiras operações de preparo do solo (Fase C) a partir do primeiro ciclo cultural (Fases A-I), por meio do levantamento, identificação e mapeamento das plantas daninhas presentes na gleba (Fase A), planejamento e escolha das técnicas de manejo possíveis de usar durante os ciclos culturais (Fase B), preparo do solo (Fase C), do plantio (Fase D), colheita (Fase H), período pós-cultivo (Fase I) e ações que visem o ciclo cultural subsequente (Fase J).


Doenças

Doenças de plantas são anormalidades provocadas geralmente por microrganismos, como bactérias, fungos, nematóides e vírus, mas podem ainda ser causadas por falta ou excesso de fatores essenciais para o crescimento das plantas, tais como nutrientes, água e luz. Neste caso, são também conhecidas como distúrbios fisiológicos.
Várias são as medidas que podem ser adotadas para evitar a ocorrência de doenças em plantas ou mesmo reduzir seu impacto no produto comercial. A observação harmoniosa de um conjunto de medidas de controle, também conhecido como controle integrado, tem como objetivo principal a redução da necessidade do uso de agrotóxicos.
Para que as doenças sejam bem controladas é necessário que a cultura seja bem conduzida, ou seja, que a planta não esteja sujeita a estresses provocados por fatores diversos, tais como época de plantio desfavorável, adubação desbalanceada, ferimentos nas plantas, competição com plantas daninhas e o uso de cultivares não adaptadas ao clima. Dentre estes fatores, deve ser dada atenção especial ao tipo de solo e modo de irrigação. Plantas de pimenta são muito sensíveis a solos encharcados e morrem prematuramente por esta causa. O controle de doenças de plantas é, mais que tudo, ‘medicina preventiva’, ou seja, a estrita observação de medidas que devem ser adotadas antes mesmo do plantio.
A seguir, são mencionadas algumas medidas para evitar o aparecimento de doenças ou reduzir seu efeito:
1. Plantar sementes de boa qualidade, adquiridas de firmas idôneas. Em caso de produção própria, devem ser escolhidas as plantas saudáveis para se retirar sementes. Muitas doenças das pimentas são transmitidas pela semente;
2. Preferir variedades bem adaptadas ao clima local e à época de plantio, e que tenham resistência às principais doenças que ocorrem na região. Estas informações podem ser obtidas em catálogos de empresas de sementes;
3. Escolher para instalação da cultura uma área bem ventilada, que não tenha histórico de plantio recente com solanáceas (pimentão, tomate, berinjela, jiló), com solo bem drenado, não sujeita a empoçamento de água;
4. Fazer uma adubação balanceada, baseada em análise do solo. Falta ou excesso de nutrientes são causas freqüentes de distúrbios fisiológicos graves;
5. Produzir ou adquirir mudas sadias. Infecções precoces, provocadas por semente contaminada ou substrato infestado, dificultam sobremaneira a manutenção da sanidade nas plantas adultas. Sementeiras devem ser feitas preferencialmente em telados instalados em locais separados do campo de cultivo, onde as mudas ficam protegidas de vetores de viroses;
6. Evitar o excesso de água na irrigação, pois este é o fator que mais afeta o desenvolvimento de doenças, em especial aquelas associadas ao solo;
7. Usar água de irrigação de boa qualidade, que não tenha sofrido contaminação antes de chegar à propriedade;
8. Controlar os insetos que são vetores de viroses e que provocam ferimentos nas plantas, principalmente nos frutos;
9. Evitar ferimentos à planta durante as operações de amarrio, capinas, irrigação ou outros tratos culturais;
10.Realizar as pulverizações de preferência de forma preventiva, quando as condições climáticas forem favoráveis a uma determinada doença. Após o seu estabelecimento, a maioria das doenças não pode mais ser controlada;
11.Evitar ao máximo o trânsito de pessoas e de máquinas que podem levar estruturas de patógenos de uma área para outra. Em cultivos protegidos, recomenda-se colocar uma caixa com cal virgem na entrada para desinfestação de calçados;
12.Destruir os restos culturais, que normalmente hospedam populações de patógenos e insetos. Esta destruição pode ser feita por enterrio profundo ou queima controlada;
13.Realizar rotação de culturas, de preferência com gramíneas, tais como milho, trigo, arroz, sorgo ou capim. Esta medida é muito importante para o controle de doenças de solo, mais difíceis de serem controladas;
14.Inspecionar a lavoura com freqüência para identificar possíveis focos de doença, ainda em seu início.
Principais doenças das pimentas
As pimentas podem ser atacadas por muitas doenças, que assumem diferentes graus de importância dependendo principalmente da época de plantio. A seguir, são apresentadas as principais doenças das pimentas que ocorrem no Brasil, enfatizando algumas medidas específicas de controle.
Doenças causadas por fungos
    Tombamento
    Murcha-de-fitóftora
    Mancha-de-cercóspora
    Antracnose
    Oídio
    Mancha-aveludada
Doenças causadas por bactérias
    Murcha-bacteriana
    Mancha-bacteriana
    Talo-oco
Doenças causadas por vírus
Doença causadas por nematóides
    Nematóide-das-galhas
Distúrbios fisiológicos e causados por artrópodes
    Podridão-apical
    Clorose-internerval
    Clorose-das-folhas
    Fumagina
Doenças de pós-colheita
Doenças causadas por fungos
Tombamento - Pythium spp., Phytophthora spp. e Rhizoctonia solani
É uma doença que afeta plantas jovens e ocorre em sementeiras, em copinhos, em bandejas ou em mudas recém transplantadas. É provocada por fungos de solo, que podem também estar presentes na água de irrigação. Com a crescente utilização de bandejas contendo substratos produzidos comercialmente, este problema tem se tornado cada vez menor.
Mudas afetadas apresentam escurecimento ou apodrecimento na base do caule, provocando o tombamento da planta. Sob leve pressão, o topo da planta se desprende sem que a raiz seja arrancada. A doença evolui normalmente em reboleiras.
Controle
  • Não fazer a sementeira em solo anteriormente cultivado com solanáceas;
  • Usar substrato comercial e bandejas de isopor novas ou desinfestadas com água sanitária para a produção de mudas; no caso de se usar saquinhos para produzir as mudas, utilizar solo esterilizado;
  • Irrigar com moderação, pois os fungos envolvidos no tombamento são favorecidos por alta umidade;
  • Produzir as mudas em local ventilado, de preferência em casa de vegetação ou telado. A bancada deve ser ripada ou telada, para permitir o escorrimento do excesso da água de irrigação;
  • Usar água de boa qualidade para irrigação, que não tenha possibilidade de ter sido contaminada até chegar à propriedade.  
Murcha-de-fitóftora (requeima, podridão-de-fitóftora, pé-preto) - Phytophthora capsici
É uma das principais doenças das pimentas no Brasil. Provoca maiores perdas no verão, pois é favorecida por alta temperatura e alta umidade do solo. As plantas afetadas apresentam murcha repentina observada inicialmente nas horas mais quentes do dia. É comum aparecerem várias plantas murchas ao mesmo tempo, em fileiras ou em reboleiras. Poucos dias após o murchamento inicial, a planta morre, ocasião em que pode ser observado um escurecimento na base do caule. Sob alta umidade do ar, pode ocorrer também a infecção de partes aéreas da planta, com manchas escuras e amolecidas nas folhas e no caule.

Controle

  • Usar solo ou substrato esterilizado para produzir mudas;
  • Evitar plantios em períodos quentes e úmidos do ano;
  • Plantar em local bem ventilado;
  • Plantar em solos bem drenados, não sujeitos a encharcamento;
  • Em época de chuvas, plantar em camalhões, que evitam o acúmulo de água no pé da planta;
  • Fazer um manejo adequado da irrigação, evitando fornecer excesso de água à planta;
  • Fazer rotação de culturas, de preferência com gramíneas. As cucurbitáceas (abóbora, moranga, melancia, melão) devem ser evitadas por serem também atacadas pelo patógeno.
Mancha-de-cercóspora - Cercospora capsici
É uma doença favorecida por temperatura acima de 25 °C e umidade do ar acima de 90%. Plantas com estresse nutricional são mais sensíveis à doença. Pode ser transmitida pelas sementes e pelo vento. Os sintomas ocorrem principalmente nas folhas, na forma de manchas circulares marrons, com o centro cinza claro, que às vezes pode rasgar ou se desprender da lesão, dando um aspecto de folha furada. As manchas podem alcançar um diâmetro superior a um centímetro. As folhas mais velhas podem amarelecer e cair em função do ataque da doença.
Controle
  • Plantar sementes de boa qualidade, adquirida de firma idônea, ou mudas comprovadamente sadias;
  • Evitar o plantio próximo a culturas velhas;
  • Pulverizar preventivamente com fungicidas registrados para a cultura;
  • Adubar corretamente a plantação, com base em análise de solo;
  • Fazer um bom manejo da irrigação, evitando aplicar excesso de água, adotando-se o sistema de gotejamento;
  • Evitar plantios em épocas com alta intensidade de chuva, especialmente quando a temperatura for alta;
  • Eliminar os restos de cultura logo após a última colheita;
  • Fazer rotação de culturas por, pelo menos, um ano.
Antracnose (Colletrotrichum spp.)
Sua importância é reconhecida quase que exclusivamente pelas lesões que provoca em frutos, em campo ou após a colheita. É mais problemática em cultivos de verão, quando ocorrem temperatura e umidade altas. O patógeno é disseminado por sementes infectadas e por respingos de água de chuva ou irrigação. A doença se inicia como pequenas áreas redondas e deprimidas, que crescem rapidamente e podem atingir todo fruto. Sob alta umidade, o centro das lesões fica recoberto por uma camada cor-de-rosa, formada por esporos do fungo. Os frutos atacados não caem e as lesões permanecem firmes, a não ser que haja invasão de organismos secundários que aceleram a sua deterioração.
Controle
  • Fazer o plantio menos adensado em época favorável à doença, para permitir melhor ventilação entre as plantas;
  • Fazer um manejo adequado da irrigação, evitando excesso de água. A irrigação por gotejamento, por não provocar o molhamento da parte aérea, reduz drasticamente a chance de aparecimento da doença;
  • Pulverizar preventivamente a cultura no início de frutificação com fungicidas registrados;
  • Destruir os restos culturais imediatamente após a última colheita;
  • Fazer rotação de culturas, de preferência com gramíneas.
Oídio - Oidiopsis taurica
Ataca com maior intensidade os cultivos irrigados por gotejamento. Inicialmente, são observadas manchas cloróticas na superfície superior das folhas. Sob condições favoráveis à doença, estas manchas tornam-se necróticas ou com muitas pontuações negras, com formato pouco definido. A superfície inferior da folha fica recoberta com estruturas esbranquiçadas do fungo, podendo levar a uma clorose geral da folha. Entretanto, pode ocorrer clorose e necrose sem que se perceba claramente o ‘pó branco’, dificultando o diagnóstico da doença. Folhas muito atacadas podem cair, e os frutos não são atacados pela doença.
Controle
  • Evitar plantar nas proximidades de plantas velhas de pimentão ou tomate;
  • Adubar corretamente as plantas, de acordo com análise do solo;
  • Fazer irrigação por aspersão, levando-se em conta que esta técnica pode intensificar o ataque de outras doenças;
  • Pulverizar preventivamente com fungicidas registrados;
  • Destruir os restos culturais logo após a última colheita.
Mancha-aveludada - Phaeoramularia sp.
Ocorre esporadicamente em algumas regiões do Brasil. Pode causar algum dano à planta somente em condição de alta umidade e alta temperatura, principalmente em locais sombreados. Os sintomas consistem inicialmente de manchas cloróticas arredondadas na superfície superior da folha. Com o desenvolvimento da doença, na parte inferior da folha surgem lesões acinzentadas devido à presença de esporos do fungo. As folhas velhas são as mais atacadas e podem cair sob alta infestação. Os frutos não apresentam sintomas desta doença.

Controle

  • Fazer rotação de culturas, preferencialmente com gramíneas;
  • Evitar plantios em áreas pouco ventiladas;
  • Não plantar próximo a cultivos velhos de pimentão;
  • Adubar a planta com base em análise de solo;
  • Manejar a irrigação, evitando-se excesso de água.
Doenças causadas por bactérias
Murcha-bacteriana (murchadeira) - Ralstonia solanacearum
Causa perdas em pimentas somente quando a temperatura e a umidade são muito altas, situação que é freqüente em regiões Norte e Nordeste do Brasil e ainda em alguns pólos de produção de terras baixas na Região Sudeste. A bactéria não é transmitida pela semente, mas pode ser introduzida em um campo através de mudas infectadas, água contaminada e solo infestado aderido a máquinas agrícolas. Plantas afetadas podem não murchar, e apresentar apenas uma redução em crescimento. Quando murcham, os sintomas aparecem inicialmente nas horas mais quentes do dia. As folhas novas murcham primeiro, às vezes de um só lado da planta. O tecido exposto pelo descascamento da base do caule de planta murcha fica amarronzado. Na maioria das vezes, a doença só é percebida a partir do início da frutificação.
Controle
  • Escolher a área de plantio, que não deve ter histórico da doença em solanáceas ou em outras hospedeiras de R. solanacearum;
  • Evitar a contaminação do solo através de pessoal e máquinas que transitam por áreas contaminadas;
  • Plantar em solos com boa drenagem, não sujeitos a encharcamento;
  • Plantar nas épocas menos quentes do ano;
  • Não irrigar em excesso;
  • Evitar ferimentos nas raízes e na base da planta;
  • Arrancar, colocar em saco de plástico e retirar do campo as plantas com sintomas iniciais de murcha, espalhando aproximadamente 100 gramas de cal virgem na superfície da cova vazia;
  • Evitar o uso de plástico preto como cobertura do solo durante o verão, porque mantém a temperatura e a umidade do solo excessivamente elevadas.
Observação: O controle químico não é economicamente viável. As cultivares disponíveis não apresentam níveis satisfatórios de resistência.
Mancha-bacteriana (pústula-bacteriana) - Xanthomonas campestris pv. vesicatoria
É comum em locais onde prevalecem altas temperatura e umidade, como no período de verão. Chuvas de vento seguidas de nebulosidade prolongada favorecem a disseminação, a penetração e a multiplicação da bactéria, resultando em ataques severos da doença. Os sintomas mais visíveis aparecem em plantas adultas. As folhas mais velhas são as mais atacadas e apresentam lesões de formato irregular, de cor verde-escura e com aspecto encharcado. Sob condições favoráveis à doença, as lesões formam manchas grandes e com aspecto ‘melado’ nas folhas. As folhas atacadas amarelecem e caem, sendo esta uma das características mais marcantes da doença. A desfolha provocada pela doença ocorre de baixo para cima. Nos frutos, a bactéria causa manchas similares a verrugas, inicialmente esbranquiçadas e depois com os centros escurecidos.
Controle
  • Plantar sementes e mudas isentas do patógeno, produzidas por firmas idôneas;
  • Evitar plantios em épocas quentes e sujeitas a chuvas freqüentes;
  • Não usar sementes provenientes de lavouras em que houve ocorrência da doença;
  • Não irrigar em excesso, principalmente por aspersão;
  • Pulverizar preventivamente com fungicidas cúpricos, que também têm ação bactericida;
  • Destruir os restos culturais logo após a última colheita;
  • Fazer rotação de culturas, de preferência com gramíneas.
Talo-oco (podridão-mole) -
Causa prejuízos somente em cultivos conduzidos sob alta temperatura e alta umidade. Nesta condição, caules e frutos com injúrias mecânicas ou provocadas por insetos, apodrecem rapidamente. Os pontos da planta mais sensíveis ao ataque inicial da doença são aqueles onde há um acúmulo de água, como as bifurcações do caule e a região peduncular dos frutos. O caule afetado escurece e seca devido ao apodrecimento da medula. Nos frutos, o ataque ocorre principalmente a partir de ferimentos causados por insetos. Após a colheita, a bactéria pode iniciar o apodrecimento mole em frutos contaminados externamente por ferimentos resultantes do manuseio inadequado durante a colheita, transporte e comercialização.
Controle
  • Evitar plantio em locais muito úmidos, especialmente durante o verão;
  • Evitar o excesso de água na irrigação;
  • Evitar ferimentos na planta durante os tratos culturais e nos frutos na colheita, transporte e comercialização;
  • Adubar corretamente a cultura, de acordo com a análise do solo. O excesso de nitrogênio promove crescimento exagerado da folhagem, formando um ambiente favorável à doença;
  • Pulverizar com fungicidas cúpricos, principalmente quando houver ferimentos nas plantas, como após amarrio, desbrota ou a ocorrência de granizo;
  • Controlar insetos que provocam ferimentos nos frutos;
  • Após a colheita, manter os frutos secos e em local bem ventilado.
Doenças causadas por vírus
Vários vírus podem atacar os pimentais, como os tospovirus (vírus do vira-cabeça), transmitidos por algumas espécies de tripes, e os potyvirus (mosaicos), transmitidos por pulgões. Os sintomas são muito variáveis, dependendo da espécie e da variedade de pimenta, da espécie do vírus, do grau de virulência da estirpe do vírus, da época em que a planta foi infectada e das condições ambientais, principalmente da temperatura. A planta infectada normalmente tem o seu desenvolvimento retardado. As folhas mais novas ficam pequenas, deformadas e apresentam diferentes tonalidades de verde e amarelo, com pontuações necróticas, algumas vezes com pequenos anéis concêntricos. Nos frutos, também ocorrem deformações, mosaico, necrose e anéis, estes normalmente de tamanho maior que nas folhas. Na maioria das vezes, não é possível diagnosticar as espécies de vírus envolvidas, através dos sintomas, sendo necessários testes em laboratório
Controle
  • As medidas de controle de vírus são preventivas e devem ser seguidas por todos os produtores de uma região;
  • Medidas de higienização têm um efeito considerável na redução da incidência da doença: eliminar campos abandonados, erradicar plantas com sintomas no plantio quando a incidência for baixa, manter o campo e arredores livres de plantas daninhas;
  • Produzir mudas em local protegido de insetos vetores, afastado dos campos de produção e pulverizando-as periodicamente para evitar que se infectem precocemente;
  • Plantar as mudas no maior estádio de desenvolvimento possível, de modo a retardar as infecções precoces em campo pelo vetor;
  • Pulverizar contra o vetor somente nos primeiros dias após o transplante;
  • Plantar cultivares resistentes. Embora na atualidade praticamente não existam cultivares resistentes disponíveis, deve-se consultar as companhias de semente para novas cultivares com esta característica.
Doença causadas por nematóides
Nematóide-das-galhas -
Ocorre com maior intensidade durante o período mais quente do ano. A doença é mais severa em solos arenosos. Pode se tornar limitante quando se planta pimenta sucessivamente na mesma área ou quando se faz rotação com outra cultura suscetível, como feijão de vagem, quiabo e tomate. A doença se manifesta normalmente em reboleiras. As plantas afetadas apresentam sintomas que sugerem a deficiência de água e de nutrientes, ou seja, desenvolvimento abaixo do normal, amarelecimento das folhas e murchamento. Estes sintomas se devem à formação de galhas (engrossamentos) e apodrecimento das raízes, que perdem a capacidade normal de absorver água e nutrientes do solo.
Controle
  • Evitar os plantios em períodos quentes do ano, principalmente em terrenos sabidamente infestados;
  • Plantar em terreno sem o histórico da doença, ou seja, que não tenha sido plantado anteriormente com espécies suscetíveis;
  • Plantar mudas de boa qualidade, que não estejam infectadas pelo patógeno;
  • Fazer rotação de culturas com gramíneas;
  • Utilizar matéria orgânica no plantio, que favorece microorganismos antagônicos aos nematóides.
Distúrbios fisiológicos e causados por artrópodes
Podridão-apical - Deficiência de cálcio
É causada pela deficiência de cálcio durante o desenvolvimento dos frutos. Ocorre em solos com baixo teor de cálcio ou em condições que dificultam a sua absorção, como irrigação deficiente e danos às raízes. A lesão inicia-se como uma área encharcada na região apical-lateral do fruto. À medida que o fruto cresce, a parte afetada vai se tornando amarronzada, endurecida, ressecada e deprimida, sendo comum o crescimento de fungos secundários na sua superfície. Frutos com podridão-apical amadurecem precocemente.
Controle
  • Fazer adubação balanceada, baseada em análise do solo;
  • Manter as plantas bem irrigadas, evitando períodos com falta ou excesso de água.

Clorose-internerval - Deficiência de magnésio

Raramente ocorre em plantios bem conduzidos, quando a adubação é feita baseada em análise do solo. A calagem feita com calcário dolomítico normalmente evita este distúrbio porque contém magnésio. Os sintomas são mais visíveis após o início de frutificação, pois o magnésio é translocado para os frutos em desenvolvimento. As folhas mais velhas são as mais afetadas. O sintoma típico é a clorose entre as nervuras.
Controle
  • Adubar corretamente as plantas, de acordo com análise do solo;
  • Controlar a água de irrigação, evitando falta ou excesso;
  • Utilizar calcário dolomítico na correção de acidez do solo;
  • Pulverizar com sulfato de magnésio na dosagem de 1,5%.
Clorose-das-folhas - Deficiência de nitrogênio
É de rara ocorrência em cultivos bem conduzidos, adubados corretamente. Como no caso do magnésio, deve-se levar em conta que este distúrbio pode ser devido a problemas fisiológicos ou patológicos no sistema radicular, que afetam a absorção de nutrientes pela planta, ou com o esgotamento deste nutriente em plantas com longo ciclo produtivo. Toda a folhagem fica amarelecida e a planta apresenta um desenvolvimento lento. A não ser por uma redução de tamanho, não se observam sintomas típicos de deficiência de nitrogênio nos frutos.
Controle
  • Adubar as plantas com base em análise do solo, inclusive em cobertura;
  • Adotar medidas que mantenham o sistema radicular sadio;
  • Irrigar corretamente as plantas.
Fumagina
Ocorre em conseqüência da infestação de pulgões, moscas brancas ou cochonilhas, que secretam substância adocicada na superfície de folhas e frutos, onde se desenvolve um fungo de cor escura. Este fungo não infecta nenhum órgão da planta, mas dá um aspecto estranho e desagradável e pode afetar a capacidade de fotossíntese. O nome da doença é devido ao aspecto de fuligem na superfície das folhas, ramos e frutos.
Controle
  • Controlar insetos;
  • Evitar plantios adensados.
Doenças de pós-colheita
Doenças de pós-colheita em frutos de pimentas são provocadas principalmente pelo fungo Colletotrichum spp. (antracnose) e pela bactéria Erwinia spp. (podridão-mole) em períodos de alta umidade e no verão. As duas doenças podem provocar perdas significativas porque os frutos doentes são descartados durante a comercialização. Os fungos Geotrichum sp. e Rhizopus sp. Também podem causar podridão nos frutos principalmente após a ocorrência de ferimentos e danos mecânicos. O pedúnculo dos frutos pode ser atacado por fungos, como Alternaria alternata, Fusarium spp. e Cladosporium fulvum, e bactérias como Erwinia spp., comprometendo a qualidade visual dos frutos.
Controle
  • Garantir, através de medidas de controle químico e/ou cultural, a sanidade dos frutos no período que antecede a colheita (caso seja feito o controle químico, o período de carência dos produtos deve ser rigorosamente observado);
  • Colher os frutos quando estes estiverem secos;
  • Colher, selecionar e transportar os frutos de maneira que ocorra o mínimo de ferimentos, que são as principais portas de entrada dos patógenos;
  • Usar contentores apropriados para colheita e transporte, fáceis de serem lavados e desinfestados, e que produzem menos injúrias nos frutos;
  • Quando os frutos são lavados, somente deve-se acondicioná-los nas embalagens depois que eles estiverem completamente secos;
  • A água usada para lavar os frutos deve ser isenta de agrotóxicos e de microorganismos;
  • Os frutos comercializados em sacos de plástico, bandejas de isopor recobertas por filme plástico de PVC ou caixas plásticas do tipo ‘PET’, ou outras embalagens fechadas devem ser mantidos sob refrigeração;
  • Frutos comercializados a granel devem ser expostos em ambiente bem ventilado, evitando bolsões de umidade, onde podem iniciar-se focos de podridões;
  • Frutos podres devem ser eliminados para evitar a contaminação de frutos vizinhos.


Pragas

Vários artrópodes estão associados com pimenteiras desde a sementeira até a colheita dos frutos e a maioria das espécies não causam dano econômico, sendo algumas delas benéficas, pois tratam-se de predadores e parasitóides de outras espécies de insetos.
As populações de insetos causam danos diretos ou indiretos às plantas quando fatores climáticos ou condições específicas do agroecossistema favorecem o crescimento destas populações, e aí sim, elas passam a causar danos econômicos que, para serem evitados, necessitam do uso de medidas de controle. A forma mais eficiente e econômica de prevenir os danos causados por insetos e ácaros é através do monitoramento da cultura, de modo que as populações possam ser detectadas no seu início. Isto pode ser feito através da determinação direta do número de insetos sobre as plantas ou de seus danos sobre estas, ou através de outros meios como a utilização de armadilhas adesivas para aprisionamento de moscas, pulgões e tripes, luz para a captura de mariposas ou água utilizada para coleta de pulgões. Com estas informações e outras sobre a biologia e ecologia das espécies pode-se estimar com bom nível de precisão as épocas mais favoráveis para sua ocorrência, freqüência e densidade populacional, tipo e importância econômica dos danos causados.
Ainda que em nossos sistemas de produção o controle químico, através da aplicação de inseticidas e acaricidas, seja o método empregado mais freqüentemente, observa-se que na maioria das vezes esta prática é desnecessária e, portanto antieconômica e danosa ao homens, animais domésticos e ao meio-ambiente. A obediência às recomendações listadas a seguir tornariam mais racional e eficiente o controle de pragas na cultura da pimenteira:
1. O controle de insetos e ácaros deve ser feito de maneira integrada, onde práticas como a destruição de restos culturais, eliminação de plantas hospedeiras silvestres ou voluntárias, rotação de culturas, utilização de cultivares resistentes, utilização de mudas sadias, além de mecanismos que assegurem a presença de inimigos naturais nas áreas cultivadas, sejam combinadas com pulverizações de agrotóxicos seletivos e devidamente registrados para a cultura;
2. Inseticidas e acaricidas jamais devem ser aplicados preventivamente, mas somente ao se notar a presença de danos na cultura ou aumento das populações das pragas;
3. Familiaridade com os equipamentos de pulverização, que devem ser de boa qualidade e sujeitos à manutenção periódica.
Principais insetos e ácaros que causam dano à pimenteira
Os artrópodes associados à cultura da pimenteira podem causar danos indiretos, como os pulgões e tripes, vetores de viroses, e danos diretos, como besouros, lagartas, minadores de folhas, percevejos, cochonilhas e ácaros.
Vetores de viroses
Pulgões
Tripes
Besouros
Vaquinha
Burrinho
Lagartas
Lagarta Rosca
Brocas do ponteiro e dos frutos
Minadores de folhas
Mosca-do-mediterrâneo
Ácaros
Percevejos e cochonilhas
Vetores de viroses
As principais espécies de vetores de viroses associadas com pimenteira são os pulgões Myzus persicae e Macrosiphum euphorbiae e os tripes Thrips tabaci e Frankliniella shulzei. Ainda que os danos diretos causados por estas espécies sejam de pouca importância, os danos indiretos causados através da inoculação de viroses têm importância econômica. Os pulgões, principalmente da espécie Myzus persicae, transmitem o vírus do mosaico do pimentão, enquanto que o vírus do vira-cabeça é transmitido pelas duas espécies de tripes.
Pulgões - Myzus persicae e Macrosiphum euphobiae
O pulgão verde M. persicae apresenta geralmente cor verde-clara quase transparente, havendo formas roxas ou amareladas. O abdômen e tórax têm aproximadamente a mesma largura até a base dos cornículos, que são ligeiramente mais largos na sua metade apical, enquanto a cauda é pequena.
O pulgão M. euphorbiae é o maior dos afídeos que infestam solanáceas. Apresenta cor verde-escura, embora haja referências a formas rosadas ou amarelas com manchas escuras no dorso. O corpo é alongado e as pernas e antenas são compridas. Os cornículos são cilíndricos e de comprimento aproximadamente igual a um terço do tamanho do corpo. A cauda é de tamanho igual a um terço do comprimento dos cornículos.
Embora M. euphorbiae possa transmitir o vírus do mosaico do pimentão, a espécie M. persicae é mais importante pelo maior número de plantas hospedeiras, pela grande capacidade de proliferação e pela disseminação de muitas viroses. As plantas de pimenteira infectadas pelo vírus do mosaico apresentam redução no crescimento, folhas encrespadas com acentuado mosaico, depreciação dos frutos e prejuízos na produção. Até 100% das plantas de uma área podem ser infectadas, se medidas de controle não forem implementadas previamente.
Controle
  • Não se recomenda a utilização de inseticidas para o controle dos vetores do vírus do mosaico do pimentão, por ser absolutamente ineficiente para prevenir a disseminação da moléstia, uma vez que os pulgões transmitem o vírus com uma simples picada de prova;
  • Preparar as mudas em viveiros protegidos por telas contra pulgões é a melhor garantia de redução de perdas na produção causadas por viroses.
Tripes - Thrips tabaci, T. palmi e Frankliniella shulzei
Nestas espécies, as formas ápteras têm corpo alongado medindo aproximadamente 1 a 2 mm de comprimento e mostram coloração branco-hialino ou amarelo-claro. Os insetos podem ser encontrados na face inferior das folhas, brotações, primórdios florais e flores. Os tripes causam danos diretos às plantas pela sucção da seiva. Estes, porém são infinitamente menores do que aqueles produzidos indiretamente através da transmissão do vírus de vira-cabeça do tomateiro. Os tripes adquirem o vírus somente na fase larval, tornando-se capaz de transmiti-lo pelo resto da sua vida. Os sintomas mais comuns de vira-cabeça na cultura da pimenteira são: mosaico amarelo, faixa verde nas nervuras, anéis concêntricos, paralisação do crescimento e deformação dos frutos. As plantas infectadas na sementeira ou logo após o transplantio têm sua produção totalmente comprometida. Quando a contaminação ocorre tardiamente, a produção é menos afetada em quantidade e qualidade.
Os insetos, particularmente o T. palmi, causam danos diretos nas plantas, levando a seu ‘enfezamento’ e retardando seu desenvolvimento. As folhas mostram-se ‘lanhadas’, retorcidas, de tamanho reduzido e, sobretudo, disformes. Os frutos apresentam-se com manchas de escurecimento, cicatrizes de vários tipos, deformações diversas e redução de tamanho. As flores sofrem danos diretos que causam abortamento que implica na redução da produção de frutos por planta sendo associada à presença do tripes com a incidência de vírus do vira-cabeça.
Controle
  • Produzir mudas em viveiros construídos em local afastado dos campos de produção e protegido por telas que evitem a entrada dos tripes;
  • Erradicar plantas hospedeiras nativas, solanáceas silvestres e solanáceas cultivadas voluntárias;
  • Evitar plantios novos em área adjacente a plantios mais antigos;
  • Incorporar ou queimar restos culturais;
  • Se registrado o produto, recomenda-se o uso de inseticida de solo somente na fase de sementeira, além de pulverizações periódicas com produtos de ação sistêmica ou de contato, na sementeira e na fase inicial da cultura;
  • Intensificar as pulverizações durante os períodos imediatamente anterior e posterior ao transplante, quando as plantas são mais susceptíveis ao vírus.
Besouros
Diversos coleópteros danificam a pimenteira, como o burrinho, Epicauta suturalis (Coleoptera, Meloidae), crisomelídeos conhecidos como ‘vaquinha’ Diabrotica speciosa (Coleoptera, Chrysomelidae) que são as espécies mais importantes, além de ‘bicudos ou carunchos’ como Helipodus destructor e Faustinus cubae (Coleoptera, Curculionidae).
Vaquinha - Diabrotica speciosa
Os adultos têm 5-7 mm de comprimento, corpo ovalado e coloração geral verde brilhante, mostrando três manchas amarelo-alaranjadas em cada élitro. As fêmeas fazem a postura no solo, próximo ao caule das plantas. As larvas são brancas e possuem no dorso do último segmento abdominal uma placa quitinosa de cor marrom ou preta. Os danos causados pelas larvas às raízes de pimenteira são em geral pouco importantes. Os adultos, contudo, podem produzir injúrias sérias quando se alimentam das folhas, principalmente em plantas nas sementeiras ou recém-transplantadas para o campo.
Outros crisomelídeos como Systena tenuis, Epitrix parvula, Symbrotica bruchi e Diabrotica spp. são mencionados na literatura como pragas da pimenteira, principalmente das mudas recém-transplantadas, de cujas folhas se alimentam. Estes insetos perfuram as folhas causando atraso no desenvolvimento ou morte das plantas.
Burrinho - Epicauta suturalis
Os adultos são besouros polífagos, negros, revestidos de densa pilosidade cinza na cabeça, élitros e patas, medindo 8-17 mm de comprimento. As fêmeas ovipositam geralmente no solo, podendo alcançar 400-500 ovos durante sua existência. Os ovos eclodem após 10 dias, e deles originam-se larvas que são ativas, fortes e predadoras de outros insetos. O adulto é a única fase desta espécie que é prejudicial às plantas, porque se alimenta das folhas, ramos tenros e brotações da pimenteira e outras solanáceas.
Controle
  • Práticas culturais como rotação de culturas, aração e gradagem do solo, pousio e queima dos restos culturais reduzem populações de burrinhos e vaquinhas;
  • Inseticidas com ação de contato e ingestão são em geral eficientes para controlar estes insetos.
Lagartas
Vários tipos de larvas de mariposas e borboletas estão associadas a solanáceas em geral, porém apenas as espécies Neoleucinodes elegantalis (Lepidoptera, Pyraustidae), Tuta absoluta e Gnorimoschema barsaniella (Lepidoptera, Gelechiidae), Agrotis ipsilon e Prodenia spp. (Lepidoptera, Noctuidae) causam danos de importância econômica, por serem mais abundantes e de distribuição generalizada nas culturas. Outras espécies como: Helicoverpa zea (Lepidoptera, Noctuidae), Manduca sexta (Lepidoptera, Sphingidae) e Mechanitis lysimnia (Lepidoptera, Danaidae) são de ocorrência ocasional e não merecem medidas de controle químico especiais.
Lagarta Rosca - Agrotis ipsilon e Prodenia spp.
Estas duas espécies são as mais comuns e os mais importantes tipos de lagartas denominadas ‘roscas’ que são encontradas nas lavouras. São confundidas erroneamente com algumas espécies do gênero Spodoptera, que também têm o hábito de se enroscarem ao serem tocadas. Os adultos da lagarta-rosca são mariposas grandes, de envergadura aproximada de 50 mm de comprimento e apresentam asas anteriores escuras e posteriores brancas ou cinzentas. As fêmeas podem fazer postura de até 1000 ovos, que são depositados em folhas e caules das plantas, isoladamente ou em massas. As lagartas possuem o hábito de cortar as plantas ao nível do solo durante a noite e, durante o dia, as lagartas podem ser encontradas a pouca profundidade do solo, bem próximo às plantas cortadas anteriormente.
O prejuízo causado pela lagarta-rosca tem como conseqüência a redução do número de plantas, sendo que em alguns casos há exigência de replantio em até 50% da área. O período em que este inseto torna-se mais prejudicial à pimenteira é logo após o transplantio, quando as plantas estão em fase de pegamento, o que as tornam mais sensíveis. No entanto, mesmo com o crescimento das plantas e, conseqüentemente, com o aumento do diâmetro e da dureza do caule, os danos da lagarta-rosca podem ser observados, através do corte dos ponteiros, que são tenros e não oferecem resistência às suas mandíbulas. Por isso, o acompanhamento da cultura é fundamental para se evitar prejuízos em épocas onde o replantio já não é mais viável.
Controle
  • Fazer uma aração profunda três a seis semanas antes do plantio, mantendo neste período a área livre de ervas daninhas e restos culturais;
  • Após o transplante, procurar manter a cultura limpa, evitando-se o uso de cobertura morta, restos culturais ou restos de capinas na área da cultura, que servem de abrigo para as lagartas, protegendo-as de eventuais predadores ou outras medidas de controle;
  • Fazer as pulverizações com inseticidas ao entardecer, dirigidas à base e na projeção da copa das plantas.
Brocas do ponteiro e dos frutos da pimenteira - Tuta absoluta e Gnorimoschema barsaniella.
São insetos de ampla distribuição no Brasil e têm importância econômica em algumas áreas localizadas, onde foram constatadas perdas de até 66% dos frutos. As mariposas são muito pequenas, de cor cinza-escura e cabeça marrom-clara, cujo comprimento pode alcançar até 6 mm. A postura é feita no interior dos botões florais ou extremidade das brotações e ponteiro, isoladamente ou em grupos de dois e três ovos. As larvas alimentam-se do interior das hastes ou ponteiro, perfurando galerias, e também das flores e frutos, onde se alimentam das sementes. Há registro de que uma só larva pode danificar vários frutos, antes de iniciar a fase de pupa no solo. Os orifícios da saída das larvas servem como via de entrada para moscas diversas, as quais ovipositam no interior dos frutos, e cujas larvas favorecem o apodrecimento deles. Geralmente os frutos atacados pela praga desprendem-se das plantas, tão logo é iniciada a maturação e, em certos casos, há formação de uma camada bastante espessa de frutos caídos sob a copa das plantas. Os frutos danificados que conseguem manter-se na planta, mesmo maduros, ou aqueles que são colhidos enquanto colonizados pelas larvas ou moscas, concorrem para a deterioração de partidas inteiras de frutos colhidos e embalados, causando grandes prejuízos.
Controle
  • Destruir os frutos encontrados sob as plantas para se evitar novas infestações;
  • A aplicação de inseticidas realizadas ao entardecer proporciona eficiente controle destas espécies, podendo reduzir os danos em até 80%;
  • Não utilizar inseticidas granulados sistêmicos no solo por ocasião do transplante visando o controle deste inseto (esta prática não apresenta bons resultados).
Minadores de folhas
As espécies Liriomyza huidobrensis, Liriomyza sativae e Liriomyza spp. (Diptera, Agromyzidae) não são pragas em condições naturais ou onde hortaliças não são continuamente pulverizadas com pesticidas devido à ação eficiente de diversos parasitas e predadores. Estas espécies causam danos econômicos quando inseticidas são utilizados exageradamente, ocasionando assim a eliminação de seus inimigos naturais, as vespinhas e formigas. Os adultos são moscas muito pequenas e apresentam coloração geral amarelo-brilhante e parte do tórax de cor preta lustrosa. As fêmeas utilizam o ovipositor para auxiliar a alimentação e postura. A inserção do ovipositor no limbo foliar inicialmente libera o exsudato da planta do qual a fêmea se alimenta. Favorece também a postura e a proteção dos ovos de condições climáticas adversas e de inimigos naturais. Durante seu ciclo de vida as fêmeas colocam 300-700 ovos, viáveis na sua maioria.
As larvas completam seu ciclo entre 9-12 dias após a postura e, durante este período, escavam galerias no parênquima foliar, que causam a morte das folhas, reduzindo a capacidade da planta em proceder à fotossíntese. Larvas no terceiro instar e pupas medem até 3 mm de comprimento e são de cor amarela.
Controle
  • Práticas culturais como o uso de ‘mulching’ e cobertura morta tendem a favorecer a ação de insetos como formigas, tesourinhas e besouros, que são eficientes predadores de pupas do minador de folhas;
  • Deve-se evitar a aplicação indiscriminada de inseticidas, principalmente aqueles de largo espectro, pois estes produtos eliminam os inimigos naturais do minador-de-folhas.
Mosca-do-mediterrâneo

A mosca-do-mediterrâneo Ceratitis capitata é praga de diversas fruteiras e em geral está associada à cultura do pimenta a partir do início da frutificação. Os ovos são colocados diretamente sobre os frutos e as larvas se alimentam de sementes e da polpa de frutos verdes e pequenos, até frutos grandes e maduros sendo comum encontrar até 12 larvas por fruto. A pupação ocorre em geral no solo. Frutos danificados pela mosca-do-mediterrâneo podem ser aproveitados para produção de páprica, pois não caem das plantas, desde que não contaminados por bactérias. Perdas atribuídas à associação do inseto com a bactéria são estimadas entre 12-18%.

Controle
  • Usar armadilhas tipo Jackson com isca de feromônio sexual Trimedilure;
  • Utilizar isca tóxica com uma mistura de substância atrativa, como proteína hidrolisada 5% ou melaço 10%, com inseticidas.
Ácaros
Os ácaros geralmente causam prejuízos em duas situações: (1) a combinação de fatores climáticos como a alta temperatura, baixa umidade e ausência de chuvas favorecem o crescimento populacional; (2) o desequilíbrio ambiental provocado pelo uso constante de inseticidas e fungicidas nas lavouras, que favorecem o crescimento populacional da praga. As espécies economicamente mais importantes são o ácaro rajado Tetranyuchus urticae e os ácaros vermelhos T. evansi e T. marianae (Acarina, Tetranychidae); o ácaro branco Polyphagotarsonemus latus (Acarina, Tarsonemidae) e ácaro plano Brevipalpus phoenicis (Acarina, Tenuipalpidae).
Por serem muito pequenos, difíceis de se ver a olho nu, uma das maneiras de identificar a espécie é através da descrição da sintomatologia dos danos. O ácaro-rajado apresenta-se nas cores branca, verde, alaranjada e vermelha, e tem duas manchas pretas em seu dorso. O ácaro-vermelho possui coloração vermelha muito intensa, que o distingue facilmente dos outros ácaros. Ambos localizam-se na face inferior das folhas independente da idade destas, causando danos caracterizados pelos seguintes sintomas: 1) clorose generalizada das folhas, sendo que as nervuras mantêm-se mais verdes; 2) aparecimento de teia envolvendo uma ou mais folhas; 3) queda acentuada das folhas e morte das plantas. O ácaro-branco localiza-se preferencialmente na parte apical das plantas, nos brotos terminais. Seus danos tornam as folhas endurecidas (‘coriáceas’), com os bordos recurvados ventralmente e de coloração bronzeada. O ácaro-plano localiza-se nas hastes e folhas mais tenras da planta e têm coloração amarelada. As plantas podem apresentar aparência bronzeada ou manchas cloróticas nas folhas.
Controle
  • É feito através da aplicação de acaricidas específicos (ácaros vermelho, rajado e branco) ou enxofre, no caso do ácaro plano.
Percevejos e cochonilhas
Algumas espécies de percevejos como Acroleucus coxalis (Hemiptera Lygaeidae), Phthia picta e Corecoris fuscus (Hemiptera, Coreidae), Corythaica cyathicollis, C. monacha e C. passiflora (Hemiptera, Tingidae); e as espécies de cochonilhas Orthezia insignis e O. praelonga (Homoptera, Coccidae), eventualmente causam danos à pimenteira.
Controle
  • As aplicações de inseticidas para o controle de outras pragas de importância mantêm as populações de percevejos e cochonilhas abaixo do nível de dano econômico.


6 comentários:

  1. Sempre planto pimentas na minha horta, mas tem a variedade da bode,q é acometidas por um fungo nas raízes, tipo um pulgão, q acaba matando a planta.Não sei como combater este tipo de praga.

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  2. Sempre planto pimentas na minha horta, mas tem a variedade da bode,q é acometidas por um fungo nas raízes, tipo um pulgão, q acaba matando a planta.Não sei como combater este tipo de praga.

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  3. estou impresionada pois minha pimenta vem bonita folhas formosas e quando flora e da a primeira vez , as folhas caem ficam murchas e quando as folhas retornam soa enrroladas e não vem mais frutos ficam amareladas e pecam todas as pimentas .

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  4. Excelente publicação! Satisfez-me a curiosidade e sinto-me preparado para entrar no ramo. Vou adotar a publicação como meu manual!

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  5. tenho vários pés de pimenta em meu quintal tem uma doença que faz cair as folhas e não segura nem um fruto, enrugando as folhas e morrendo as pontas dos galhos. Que devo fazer?

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